A
sistemática, catalogação e categorização dos seres vivos se dá pela taxonomia.
Tal conceito expandiu-se ao longo dos anos, evoluindo e ampliando áreas de
domínio. Podemos aplicar um princípio ou esquema taxonômico a quase todas as
coisas que lidamos no dia-a-dia - seres vivos ou objetos, conceitos ou
processos, etc. A classificação nos é intuitiva. Classificamos naturalmente. E
segundo alguns antropologistas a cultura e os sistemas sociais são fatores
importantes nessa nossa natural tendência de classificação. E são algumas
emergentes funções sociais relacionadas as redes de informação que se utilizam
desta taxonomia dita popular([1]) para
promover compartilhamento de classificações interculturais donde pode-se
esperar um enriquecimento semântico da informação disponível nos propiciando,
quem sabe, uma troca real de conhecimento.
Em
2004, Thomas Vander Wal([2]) apresentou o
conceito de uma taxonomia cujo diferencial se baseava na construção a partir do
linguajar natural de uma comunidade.Ele acreditava que a cultura, o
conhecimento local, as relações sociais dos habitantes de uma comunidade,
quando categorizadas e classificadas por eles mesmos, ganhariam uma
entendimento peculiar que representaria melhor aquela comunidade.
A
analogia a taxonomia, então chamada de folksonomia (folks=povo, pessoas) se
diferenciava da taxonomia clássica, porque primeiro são definidas as categorias
do índice para depois se encaixar as informações em uma delas (em apenas uma), enquanto
que na folksonomia se permite cada usuário a classificar a informação com uma
ou mais palavras-chaves, conhecidas como tags ou marcadores. Estas informações
podem ser compartilhadas, recuperadas e relacionadas com para se obter e
identificar graus de similaridade de conceito, índices de incidência, identificar
grau de popularidade, número de citações, etc. O alto
grau de liberdade para categorização acentua a descentralização do processo
poisquem classifica um conteúdo são as próprias pessoas interessadas no mesmo,
com diversos graus de envolvimento tanto de conhecimento, quanto por
experiência, ou sentimento. A valoração e o sensorial aparecem então como
outros referenciais possíveis.
Ferramentas
digitais foram criadas sob este novo conceito e então disponibilizadas na web e
são partes importantes na mudança do comportamento para a Web2.0 e partes
fundamentais para a Web3.0 (ver postagem abaixo). O primeiro site a usar
folksonomia foi o Del.icio.us em 2003, em seguida, o Flickr e o YouTube. De lá
para cá são inúmeros os sites que se baseiam na folksonomia e que deram origem
ao termo Social Bookmarking, conceito que não deve ser confundido com a
marcação dos Favoritos disponíveis nos browsers de navegação, que estão mais
para marcadores de livros, estáticos e presos aos seus donos.
O
Social Bookmarks salva a página favorita diretamente em um servidor donde possa
ser partilhado e relacionados com os outros usuários. Este relacionamento
permite pesquisas quer nas nossas tags, quer nas tags dos outros usuários Deste
modo, podemos encontrar pessoas com os mesmos interesses e "descobrir"
novos sites relacionados com o mesmo assunto, potenciando, assim, o compartilhamento
e a colaboração.
Alguns
outros exemplos de sites social bookmarks são LastFM, o StumbleUpon, Connotea,
Digg, LinkedIn, etc. Os sites de relacionamento social como Facebook, Twitter,
Pinterest ou mesmo os blogs utilizam social bookmarks baseados em folksonomia.
Dentre
as vantagens de se utilizar folksonomia estão o caráter colaborativo/social, a
liberdade do trabalho etiquetagem de pelo usuário, a possibilidade de se criar
automaticamente comunidades em torno de assuntos comuns e principalmente o
aprendizado diferenciado pela dimensão de valoração dado pelos usuários e seus
assuntos etiquetados. As diferenças de uma leitura (textual, imagética,
sensorial, etc.) de um indivíduo enriquece semanticamente uma definição prévia.
Enfim, podemos acrescentar conteúdos relacionais nas fotos, textos, palavras,
imagens, gráficos, músicas, informações etc. gerando conhecimento
compartilhado.
O Del.icio.us
Foi o
primeiro site a disponibilizar etiquetagem baseada em folksonomia. Utilizo o Delicious
desde 2003 (http://delicious.com/leolivera) quando foi lançado. pelo seu desenvolvedor
Joshua Schachter. Em 2005 foi adquirido pelo Yahoo e em 2011, porChad Hurley e
Steve Chen,os dois fundadores do YouTube. Tais mudanças de gestão trouxeram
evoluções bem como algumas perdas. Hoje ele se foca mais em Social Bookmarking,
mas mantém ainda o poder de pesquisa e contato com usuários semanticamente
alinhados, o que definiu por muito tempo o uso pela comunidade acadêmica. Atualmente
sob o controle da companhia Avos Systems, o Delicious perdeu uma
das mais interessantes ferramentas: os Stacks. Com eles se podia organizar de
forma mais interativa toda a estrutura de tags classificadas pelos usuários. Os stacks foram substituidos por nuvens de palavras, baseadas em wordcloud e seu conceito de relevância. Vejam os registros de Delicious seguindo este link (https://delicious.com/leolivera).
O site oferece o serviço de classificação e relacionamento, indicando usuários que compartilham de uma mesma indexação e possivelmente um mesmo interesse. Permite ainda adicionar e pesquisar bookmarks sobre qualquer assunto, arquivar e catalogar os sites preferidos para acessá-los de qualquer lugar.
O site oferece o serviço de classificação e relacionamento, indicando usuários que compartilham de uma mesma indexação e possivelmente um mesmo interesse. Permite ainda adicionar e pesquisar bookmarks sobre qualquer assunto, arquivar e catalogar os sites preferidos para acessá-los de qualquer lugar.
[1]
Para diferenças entre a taxonomia científica e taxonomia popular ver Durkein,
Kant e Lévi-Strauss.
[2]Vander
Wal é um arquiteto de informação também conhecido por iniciar o termo
"infocloud" (informação nas nuvens). Seu trabalho principalmente lida
com a Web, design de informação e estruturação no contexto da tecnologia
social.
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