quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Web, apropriações e usos de espaços sociais reais e virtuais

A palavra território refere-se a uma área delimitada sob a posse de alguém, alguma instituição ou coletividade. A relação com uma porção geográfica é a nossa mais natural associação, mas também nos é natural a noção da delimitação e defesa de um espaço qualquer. Os nossos territórios, em todos os sentidos imagináveis são por nós sempre defendidos.










Os últimos 25 anos nos trouxeram novos conceitos, abstrações e relações quanto a forma de 
perceber nossos territórios. Uma proposta de unificação em escala global de um destes territórios vem mudando completamente nossas formas de relacionamentos, socialização e até mesmo da apropriação. 
E apropriação aí representada não só pelo ato ou efeito da posse, mas principalmente pela adaptação e acomodação neste novo território. Nos sentimos bem, ou pelo menos a geração atual se sente bem. Quando percebemos já adentramos. Quando percebemos já nos sentimos em casa. Quando percebemos estamos realmente nos apropriando de um novo território, antes nem pensado, mas agora reconhecidamente infinito, hábil, fértil e ansioso por nós.
Talvez porque como citado, um território realmente precise que alguém o reconheça, que descubra nele suas potencialidades, antes e primordialmente de sobrevivência e depois de troca, prazer, descanso, etc. Talvez porque ele anseie por ser defendido ou explorado. Talvez porque anseie por ser compartilhado.

Os últimos 25 anos também nos trouxeram novos conceitos, abstrações e relações quanto a forma de se compartilhar. A informação, a cultura e o conhecimento e todas as formas ou ciências que se encarregam de representá-las como a arte, a astronomia, a poesia ou a física, etc. vêem repensando como ampliar ou flexibilizar seus territórios de ação e domínio para conseguir lidar com estas mudanças. 
E isto também vem impactando de forma definitiva em como lidamos quando adentramos tais territórios e principalmente os relacionamos com os nossos. Mas estas mudanças nos são facilitadas e interfaceadas por inúmeras ferramentas e dispositivos.
Numa primeira fase, a busca pelo entendimento do porque utilizar estes novos dispositivos e ferramentas auxiliares nos propiciou e disponibilizou uma massa infinita de informação que foi capturada em nossos reais territórios - os geográficos, profissionais, culturais, sociais, emocionais, intelectuais, etc. - e virtualizados neste novo. 
Nossa expressão artística, nosso pensar, nosso fazer, estavam agora disponíveis ao mundo. A regra valia para todos aqueles que utilizaram as ferramentas. E muitos outros gostaram e também aderiram. 
Fechamos esta primeira fase, maravilhados com as possibilidades de "andar", ver e conhecer outros territórios. Dominamos a ferramenta.

Mas e as pessoas? As outras pessoas. 
Não só aquelas do meu território, mas de todo os outros. 

Uma nova fase se iniciou e os novos dispositivos e ferramentas nos propiciaram encontrar velhos e novos amigos. Transferimos nossa sala de visita ou mesa de bar para todos os lugares. Começamos a nos preocupar em mostrar nossos territórios, em descobrir novas formas de representá-lo. Aprendemos a representá-los e reconhecê-los de várias novas formas e formatos. Disponibilizamos mais informações. 
Esta fase ainda persiste e nela nos relacionamos e ampliamos nossos territórios cada vez mais. Temos então disponíveis, informação e representação dos territórios, dos seus ocupantes e seus jeitos de viver e se relacionarem.

Mas na realidade, não conheço bem outros territórios senão o meu. 
Só sou dono real do conhecimento do meu território. 

Mas tenho como compartilhá-lo. Posso acrescentar informações que eu sei, posso acrescentar informações sobre o penso e sinto sobre meu território enriquecendo a informação sobre ele já disponível. Se outros fizerem a mesma coisa transformaremos a imensidão de informação disponível pela valoração e pelo sensorial. Transformaremos informação em conhecimento.

Reescrever este texto sob a ótica da tecnologia da informação corresponderia a descrever a evolução comportamental da web desde sua utilização massiva. 

Da web original (WEB1.0), herdamos a digitalização e aprendemos algumas lições. 
Mas para nós usuários era como uma biblioteca. Poderíamos utiliza-la como fonte de informação, mas não poderíamos contribuir ou alterar instantaneamente seu conteúdo.

Mas as ferramentas da WEB2.0 como os blogs, a classificação por taxonomia popular, as redes de relacionamentos sociais transformaram esta biblioteca numa grande sala de visita donde um grande grupo de amigos e conhecidos poderiam não só receber informação mas também poderiam contribuir com o conteúdo tornando a informação uma experiência mais rica. 

E esse enriquecimento semântico da informação pela valoração, experiência e relacionamentos indica o caminho futuro para a web. 
WEB3.0 poderá saber tudo sobre mim, sobre meu território. Será como um assistente meu que me conectaria com as informações mais relevantes para mim e meu grupo.

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