terça-feira, 15 de abril de 2014

Escolas, pais, filhos e internet

Posto o conteúdo de uma entrevista minha publicada na revista do Grupo Base de escolas particulares de ensino médio de Belo Horizonte, Minas Gerais, em dezembro de 2011.
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- Como fica a questão da alfabetização nesse mundo cada vez mais digital? O que muda e o que permanece?
Pela definição conceitual, a alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e sua utilização como código de comunicação e um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e suas variações. Mas temos também que a alfabetização envolve o desenvolvimento de novas formas de compreensão, que promove a socialização do indivíduo já que possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. E é fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo. Nestes aspectos, parece que estou descrevendo a rede, as ferramentas digitais de informação e comunicação e suas aplicações.
A mudança principal vem da possibilidade de acesso a conteúdos integrados e disponibilizados sob outras formas midiáticas. Não em uma ordem que interessa ao progresso natural. Mas, tudo que se precisa para estruturar e dar suporte a este processo está lá disponível. Lembrando o que disse Paulo Freire (1); “não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”, entendemos que temos atualmente disponibilidade e acesso ao material que ajuda a entender este ciclo complexo. Tudo a distancia de poucos cliques. Precisamos nos organizar para utilizar todo este conteúdo.
(1) in Educação na cidade, 1991

- Muitas vezes as crianças aprendem a dominar as novas tecnologias antes mesmo de dominar as competências de leitura e escrita. De que forma o senhor vê isso?
A alfabetização não se resume apenas na aquisição de habilidades mecânicas na codificação e decodificação do ato de ler, mas também na capacidade de interpretar, compreender, criticar, resignificar e produzir conhecimento. As tecnologias foram e estão sendo desenvolvidas para cada vez mais o homem poder participar da construção de um conteúdo informacional e de conhecimento que represente o planeta. E as crianças utilizam prontamente esta nova forma de aprendizado deste mundo

- Há risco de que as crianças desenvolvam menos competência para a leitura e escrita em função desse mundo digital? Como evitar que isso aconteça?
Obviamente que não. Seria loucura pensar diferente. Precisamos nos ater nas mudanças conceituais da sociedade como um todo. As novas tecnologias nos são muito bem vindas, mas os desdobramentos de seu uso é que nem sempre são estudados com a profundidade que deveria. Existe uma necessidade urgente de mudança também nos nossos modos de alfabetizar. Entenda assim: uma ilha com seu ecossistema perfeitamente equilibrado por muitos e muitos anos. Colocamos um novo morador com enorme potencial de interação (alimentação, adaptação, reprodução). Não será mais aquela “ilha com um novo morador” e sim uma “nova ilha”. Uma nova ilha com novas interações, novos relacionamentos e consequentemente novos resultados (inclusive resultados inesperados e que comprometem o equilíbrio anterior) É assim que acontece com as novas tecnologias. Elas mudam tudo. Nossa forma de ver, viver, relacionar. Postman disse que novas tecnologias simplesmente cumprem seu objetivo inicial, mesmo que se seja necessário suplantar a tecnologia anterior ou vigente. Não temos um mundo com novas tecnologias. Temos um novo mundo.
Precisamos continuar o que fazemos bem. Nos adaptar. Propor novas formas de alfabetização usando nova tecnologia apropriada e adaptada às nossas necessidades.

- A internet tem potencialidades para o ensino da alfabetização? Como elas poderiam ser utilizadas? É possível integrar o processo de alfabetização às novas tecnologias?
Infinitamente. E a integração não é necessária. As tecnologias já nascem aptas. Estão lá com uma infinidade de ferramentas e possibilidades esperando uma mudança no meu comportamento. Esperando que se ordene novas formas de uso que atendam a uma nova forma de alfabetizar. Outra definição primal de alfabetização diz que todas as capacidades adquiridas (codificar e decodificar, interpretar, compreender, criticar, resignificar e produzir conhecimento) só serão concretizadas se os alunos tiverem acesso a todos os tipos de portadores de textos ou conteúdo e também encontrar usos sociais para a leitura e escrita desenvolvidas. Oferecer todas as formas midiáticas de acesso e comunicação e prover possibilidades de uso social para isto é a essência do que vemos sendo oferecido pelas novas tecnologias.

- Os pais devem restringir o acesso de crianças em fase de alfabetização à internet? E em relação especificamente a ambientes como os chats, onde a forma de comunicação é o "internetês", com suas abreviações e etc
Penso que não. A orientação e o que eu chamo de “controle-supervisão-não invasivo” é que são fundamentais. Saber indicar sites atrativos de conteúdo adequado a cada fase de desenvolvimento do filho é fundamental. Saber por onde navega o filho também é fundamental. Mais difícil, mas fundamental. Ambas exigem um envolvimento maior dos pais na vida de novas tecnologias (eu sempre digo que a mudança é nossa). Um exemplo é que na fase de alfabetização, muito difícil será uma criança conseguir “sobreviver” a uma sessão de chat.
Quando esta hora chegar (uso do chat pela criança – já alfabetizada), já será tempo de nossos filhos conhecerem estas tais ferramentas, apresentadas por nós ou pela escola, de forma a conseguirem discernir e optar por continuar uma sessão de chat em função do que digitam para ela lá do outro lado.
O internetês é um outro assunto polêmico. Ele é herança de uma situação técnica antiga e há muito ultrapassada, com relação à capacidade de transmissão de texto. Hoje assistimos vídeos em High Definition em tempo real e o internetês continua nos assombrando. Não tenho uma fórmula para acabar com ele, até porque seu uso é de escolha pessoal. Agora ideias para combatê-lo tenho muitas. Muita leitura (mesmo quadrinhos), incentivar a criança a trabalhar em seu blog, usar ferramentas de comunicação que aceitem mais que 140 caracteres (não que eu seja contra tuitar, mas estamos falando de alfabetização) e muito exemplo pessoal (como pai) de como a leitura fez e faz parte de minha vida. Uma boa biblioteca na sala onde deve ficar o computador do meu filho é uma eficaz arma contra o internetês. Eu particularmente procuro escrever e responder meus e-mails com todas as palavras corretas, inteiras e conferidas no dicionário sempre que necessário. E meu filho sabe bem que faço isto!

- Como pai, quais os cuidados que o senhor adota?
Alguma restrição (bloqueio de conteúdo adulto), muito “controle-supervisão-não invasivo” (checar histórico, consultar palavras chaves, conversa direcionada, e-mails direcionados, etc) e algum “controle-supervisão-invasivo”. Este ponto exige mais cuidado e não me interessa aí gerar conflitos éticos quanto a invasão de privacidade, mas simplesmente testar se falhas de segurança existem. Se eu consigo entrar, hackers mais experientes podem invadir. Tenho avatares nas redes sociais infantis que meu filho usa e lá sou amigo dele. Passo um tempo com ele lá, jogo, desafio, perco e ganho (nem sempre). Apropriei-me do ciberespaço infantil. Mas o mais importante é tentar sempre andar um pouco na frente. Pesquisar sites e blogs interessantes, utilizar primeiro as novas ferramentas disponibilizadas, entender o preço da gratuidade na rede e conversar, conversar muito com seus filhos. Penso, levianamente, sobre como foi fácil para meu pai me criar, no tocante a acesso a informação, comunicação social e geração de conteúdo e conhecimento. As informações nos eram atualizadas anualmente, na época do Natal, quando recebíamos o Livro do Ano da Enciclopédia Barsa.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Projetos Desafios Contemporâneos - FUNARTE


Curso e Oficina de Artes Visuais
“Como vejo, ocupo e percebo o meu bairro”


As oficinas fazem parte do Projeto Desafios Contemporâneos da FUNARTE e têm o intuito de promover um intercâmbio entre os saberes do campo das artes visuais e ampliar a temática da arte contemporânea para diversas localidades do país com a participação de profissionais/artistas atuantes.
O eixo central da proposta é a apresentação-representação de um espaço qualquer por quem realmente o conhece a partir de estímulos de percepção cultural, urbana e artística, posteriormente representadas por tecnologias digitais. Interessa a relação espaço-pessoa e a sua forma particular de representa-la. A partir deste exercício relacional com referências identitárias, memórias comuns, afetividades, laços sociais, vida cotidiana e vivência do espaço, espera-se a manifestação da percepção do usuário ou morador sobre seu espaço de forma a enriquecer toda informação formal já disponível sobre ele.
Nesta etapa do projeto o espaço a ser apresentado será o entorno das Escolas Municipais Anne Frank e Alice Nacif, nos bairros Confisco e Urca, regional Pampulha. Os estudantes destas escolas farão a apresentação deste espaço e posteriormente sua representação. A ideia consiste propor exercícios sensoriais estimulando uma percepção estética para tal espaço urbano promovendo por meio de ferramentas digitais, ações de caráter artístico e simbólico com vistas a uma apropriação positiva neste espaço da comunidade. Busca-se saber como os estudantes do PEI percebem o espaço urbano que ocupam, como o identificam e como o relacionam com o mundo.
 Os estudantes, alunos, agentes culturais, professores e jovens aprendizes de informática, através de dinâmicas de sensibilização e exercícios de percepção trabalharão em classificações baseadas em folksonomia (ver postagem adiante) e registros em mídias digitais, representando o espaço de forma diferenciada onde a valoração e o sensorial aparecem como referenciais adicionais possíveis. Intervenções artísticas locais e virtuais, mapeamentos e registros serão feitos. Os resultados serão compartilhados pelas redes de relacionamentos na web
Para os roteiros de percepção sensorial identificaremos os espaços de onde vem o vento, onde o vento vem mais forte, de onde vem e para onde vai a água da chuva, quais e de onde vem os cheiros que sentimos ao andar pelo bairro, que cores predominam nas casas, onde se experimenta sabores e gostos diferentes, onde e quem produz o próprio alimento, que texturas diferentes podem ser percebidas nas casas, na rua, nas construções e nos objetos urbanos.
Para os roteiros de percepção do uso e apropriação dos espaços dos bairros identificaremos quais e onde estão as atividades de arte e cultura para os estudantes, quais as atividades esportivas, como é tratado o lixo no bairro, quais as atividades de lazer, quais ruas tem mais criança, em quais lugares é possível perceber o cuidado dos moradores pelo meio ambiente, quais as atividades de trabalho, o que e onde as pessoas passam a maior parte do seu tempo nos dias de folga, quais as pessoas conhecidas por todos no bairro, onde as pessoas mais se encontram durante o dia e durante a noite.

A coordenação será de Maria Luiza Viana, representante da FUNARTE, professora do curso de Design da UFMG, mestre em Arte e Tecnologia da Imagem pela Escola de Belas Artes – UFMG e Leonardo Oliveira Gomes, designer de Informação, mestrando em Arquitetura - UFMG, bacharel em Sistemas de Informação e professor do curso de pós-graduação Sistemas Tecnológicos e Sustentabilidade Aplicados ao Ambiente Construído da Escola de Arquitetura – UFMG.


Folksonomia e a arquitetura de participação


A sistemática, catalogação e categorização dos seres vivos se dá pela taxonomia. Tal conceito expandiu-se ao longo dos anos, evoluindo e ampliando áreas de domínio. Podemos aplicar um princípio ou esquema taxonômico a quase todas as coisas que lidamos no dia-a-dia - seres vivos ou objetos, conceitos ou processos, etc. A classificação nos é intuitiva. Classificamos naturalmente. E segundo alguns antropologistas a cultura e os sistemas sociais são fatores importantes nessa nossa natural tendência de classificação. E são algumas emergentes funções sociais relacionadas as redes de informação que se utilizam desta taxonomia dita popular([1]para promover compartilhamento de classificações interculturais donde pode-se esperar um enriquecimento semântico da informação disponível nos propiciando, quem sabe, uma troca real de conhecimento.


Em 2004, Thomas Vander Wal([2]) apresentou o conceito de uma taxonomia cujo diferencial se baseava na construção a partir do linguajar natural de uma comunidade.Ele acreditava que a cultura, o conhecimento local, as relações sociais dos habitantes de uma comunidade, quando categorizadas e classificadas por eles mesmos, ganhariam uma entendimento peculiar que representaria melhor aquela comunidade. 
A analogia a taxonomia, então chamada de folksonomia (folks=povo, pessoas) se diferenciava da taxonomia clássica, porque primeiro são definidas as categorias do índice para depois se encaixar as informações em uma delas (em apenas uma), enquanto que na folksonomia se permite cada usuário a classificar a informação com uma ou mais palavras-chaves, conhecidas como tags ou marcadores. Estas informações podem ser compartilhadas, recuperadas e relacionadas com para se obter e identificar graus de similaridade de conceito, índices de incidência, identificar grau de popularidade, número de citações, etc. O alto grau de liberdade para categorização acentua a descentralização do processo poisquem classifica um conteúdo são as próprias pessoas interessadas no mesmo, com diversos graus de envolvimento tanto de conhecimento, quanto por experiência, ou sentimento. A valoração e o sensorial aparecem então como outros referenciais possíveis.
Ferramentas digitais foram criadas sob este novo conceito e então disponibilizadas na web e são partes importantes na mudança do comportamento para a Web2.0 e partes fundamentais para a Web3.0 (ver postagem abaixo). O primeiro site a usar folksonomia foi o Del.icio.us em 2003, em seguida, o Flickr e o YouTube. De lá para cá são inúmeros os sites que se baseiam na folksonomia e que deram origem ao termo Social Bookmarking, conceito que não deve ser confundido com a marcação dos Favoritos disponíveis nos browsers de navegação, que estão mais para marcadores de livros, estáticos e presos aos seus donos.
O Social Bookmarks salva a página favorita diretamente em um servidor donde possa ser partilhado e relacionados com os outros usuários. Este relacionamento permite pesquisas quer nas nossas tags, quer nas tags dos outros usuários Deste modo, podemos encontrar pessoas com os mesmos interesses e "descobrir" novos sites relacionados com o mesmo assunto, potenciando, assim, o compartilhamento e a colaboração.
Alguns outros exemplos de sites social bookmarks são LastFM, o StumbleUpon, Connotea, Digg, LinkedIn, etc. Os sites de relacionamento social como Facebook, Twitter, Pinterest ou mesmo os blogs utilizam social bookmarks baseados em folksonomia.
Dentre as vantagens de se utilizar folksonomia estão o caráter colaborativo/social, a liberdade do trabalho etiquetagem de pelo usuário, a possibilidade de se criar automaticamente comunidades em torno de assuntos comuns e principalmente o aprendizado diferenciado pela dimensão de valoração dado pelos usuários e seus assuntos etiquetados. As diferenças de uma leitura (textual, imagética, sensorial, etc.) de um indivíduo enriquece semanticamente uma definição prévia. Enfim, podemos acrescentar conteúdos relacionais nas fotos, textos, palavras, imagens, gráficos, músicas, informações etc. gerando conhecimento compartilhado.

O Del.icio.us
 Foi o primeiro site a disponibilizar etiquetagem baseada em folksonomia. Utilizo o Delicious desde 2003 (http://delicious.com/leoliveraquando foi lançado. pelo seu desenvolvedor Joshua Schachter. Em 2005 foi adquirido pelo Yahoo e em 2011, porChad Hurley e Steve Chen,os dois fundadores do YouTube. Tais mudanças de gestão trouxeram evoluções bem como algumas perdas. Hoje ele se foca mais em Social Bookmarking, mas mantém ainda o poder de pesquisa e contato com usuários semanticamente alinhados, o que definiu por muito tempo o uso pela comunidade acadêmica. Atualmente sob o controle da companhia Avos Systems, o Delicious perdeu uma das mais interessantes ferramentas: os Stacks. Com eles se podia organizar de forma mais interativa toda a estrutura de tags classificadas pelos usuários. Os stacks foram substituidos por nuvens de palavras, baseadas em wordcloud e seu conceito de relevância. Vejam os registros de Delicious seguindo este link (https://delicious.com/leolivera) 



O site oferece o serviço de classificação e relacionamento, indicando usuários que compartilham de uma mesma indexação e possivelmente um mesmo interesse. Permite ainda adicionar e pesquisar bookmarks sobre qualquer assunto, arquivar e catalogar os sites preferidos para acessá-los de qualquer lugar.


[1] Para diferenças entre a taxonomia científica e taxonomia popular ver Durkein, Kant e Lévi-Strauss.
[2]Vander Wal é um arquiteto de informação também conhecido por iniciar o termo "infocloud" (informação nas nuvens). Seu trabalho principalmente lida com a Web, design de informação e estruturação no contexto da tecnologia social.

Infográficos! novos? oh, sim!


Neste nosso admirável mundo novo de informação disponível nos descobrimos usuários assumidos de infográficos. Infográficos são projetos visuais que ajudam a explicar dados complicados de uma forma simples. Eles não são novos. Sinais nas cavernas, mapas, desenhos, iluminuras, etc. já misturavam imagens e informações com o objetivo de facilitar o entendimento. Mas foi com Leonardo que a infografia mostrou sua primordial função. Seus desenhos eram muito mais que ilustrações, traziam riquezas de detalhamento que resultaram em obras que são consideradas os primeiros infográficos de grande complexidade.

infográfico sobre 50 anos da pesquisa espacial

O infográfico criado por Minard em 1861 sobre a marcha de Napoleão para Moscou e os diagramas de Beck de 1933 para o metrô de Londres (até hoje mundialmente utilizados) são outros bons exemplos de infográficos ao longo da história.

Infográfico de Minardi, 1861

A infografia tem sido utilizada por centenas de anos para diversos fins, mas assumiram uma nova cara nos últimos tempos. Atualmente com a ajuda da tecnologia de informação percebemos uma revolução visual que escapa da saturação web crescente. Percebemos gráficos bem estruturados, dinâmicos e que atendem bem a crescente necessidade deapresentação de conceitos complexos de forma simples, porém sem reducionismos gráficos. Soma-se a isto a distribuição facilitada pela rede, o download, o upload, e o re-post que prontamente atendem aos meios de comunicação e bloggers à procura de conteúdo novo e interessante para compartilhar na web.


Web, apropriações e usos de espaços sociais reais e virtuais

A palavra território refere-se a uma área delimitada sob a posse de alguém, alguma instituição ou coletividade. A relação com uma porção geográfica é a nossa mais natural associação, mas também nos é natural a noção da delimitação e defesa de um espaço qualquer. Os nossos territórios, em todos os sentidos imagináveis são por nós sempre defendidos.










Os últimos 25 anos nos trouxeram novos conceitos, abstrações e relações quanto a forma de 
perceber nossos territórios. Uma proposta de unificação em escala global de um destes territórios vem mudando completamente nossas formas de relacionamentos, socialização e até mesmo da apropriação. 
E apropriação aí representada não só pelo ato ou efeito da posse, mas principalmente pela adaptação e acomodação neste novo território. Nos sentimos bem, ou pelo menos a geração atual se sente bem. Quando percebemos já adentramos. Quando percebemos já nos sentimos em casa. Quando percebemos estamos realmente nos apropriando de um novo território, antes nem pensado, mas agora reconhecidamente infinito, hábil, fértil e ansioso por nós.
Talvez porque como citado, um território realmente precise que alguém o reconheça, que descubra nele suas potencialidades, antes e primordialmente de sobrevivência e depois de troca, prazer, descanso, etc. Talvez porque ele anseie por ser defendido ou explorado. Talvez porque anseie por ser compartilhado.

Os últimos 25 anos também nos trouxeram novos conceitos, abstrações e relações quanto a forma de se compartilhar. A informação, a cultura e o conhecimento e todas as formas ou ciências que se encarregam de representá-las como a arte, a astronomia, a poesia ou a física, etc. vêem repensando como ampliar ou flexibilizar seus territórios de ação e domínio para conseguir lidar com estas mudanças. 
E isto também vem impactando de forma definitiva em como lidamos quando adentramos tais territórios e principalmente os relacionamos com os nossos. Mas estas mudanças nos são facilitadas e interfaceadas por inúmeras ferramentas e dispositivos.
Numa primeira fase, a busca pelo entendimento do porque utilizar estes novos dispositivos e ferramentas auxiliares nos propiciou e disponibilizou uma massa infinita de informação que foi capturada em nossos reais territórios - os geográficos, profissionais, culturais, sociais, emocionais, intelectuais, etc. - e virtualizados neste novo. 
Nossa expressão artística, nosso pensar, nosso fazer, estavam agora disponíveis ao mundo. A regra valia para todos aqueles que utilizaram as ferramentas. E muitos outros gostaram e também aderiram. 
Fechamos esta primeira fase, maravilhados com as possibilidades de "andar", ver e conhecer outros territórios. Dominamos a ferramenta.

Mas e as pessoas? As outras pessoas. 
Não só aquelas do meu território, mas de todo os outros. 

Uma nova fase se iniciou e os novos dispositivos e ferramentas nos propiciaram encontrar velhos e novos amigos. Transferimos nossa sala de visita ou mesa de bar para todos os lugares. Começamos a nos preocupar em mostrar nossos territórios, em descobrir novas formas de representá-lo. Aprendemos a representá-los e reconhecê-los de várias novas formas e formatos. Disponibilizamos mais informações. 
Esta fase ainda persiste e nela nos relacionamos e ampliamos nossos territórios cada vez mais. Temos então disponíveis, informação e representação dos territórios, dos seus ocupantes e seus jeitos de viver e se relacionarem.

Mas na realidade, não conheço bem outros territórios senão o meu. 
Só sou dono real do conhecimento do meu território. 

Mas tenho como compartilhá-lo. Posso acrescentar informações que eu sei, posso acrescentar informações sobre o penso e sinto sobre meu território enriquecendo a informação sobre ele já disponível. Se outros fizerem a mesma coisa transformaremos a imensidão de informação disponível pela valoração e pelo sensorial. Transformaremos informação em conhecimento.

Reescrever este texto sob a ótica da tecnologia da informação corresponderia a descrever a evolução comportamental da web desde sua utilização massiva. 

Da web original (WEB1.0), herdamos a digitalização e aprendemos algumas lições. 
Mas para nós usuários era como uma biblioteca. Poderíamos utiliza-la como fonte de informação, mas não poderíamos contribuir ou alterar instantaneamente seu conteúdo.

Mas as ferramentas da WEB2.0 como os blogs, a classificação por taxonomia popular, as redes de relacionamentos sociais transformaram esta biblioteca numa grande sala de visita donde um grande grupo de amigos e conhecidos poderiam não só receber informação mas também poderiam contribuir com o conteúdo tornando a informação uma experiência mais rica. 

E esse enriquecimento semântico da informação pela valoração, experiência e relacionamentos indica o caminho futuro para a web. 
WEB3.0 poderá saber tudo sobre mim, sobre meu território. Será como um assistente meu que me conectaria com as informações mais relevantes para mim e meu grupo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tecnologia, Tecnologia da informação e o Pensamento Tecnológico (Parte 02)

Tempos atrás postei a parte 01. Era um panorama sobre os pensadores  e o pensamento sobre tecnologia atuais. Pretendo continuar com este post propondo um nivelamento de alguns conceitos. Sem reducionismo, apenas para dar sentido à análise que implementei. Colaborem, comentem, enriqueçam a discussão.
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Algo grandioso cerca o homem atual. Um aparente poder de controle, tanto de informação como de alcances. Alcance da voz, da imagem e uma sensação nova de compartilhamento e interação. Um mundo de terminologias transmuta os sentidos e propõe formas novas de pensar e relacionar. Não se pensa em viver no Séc. XXI sem interagir, disponibilizar e comunicar. A Informação é nossa mais recente revolução tecnológica. A disponibilização intensiva da informação é característica desta fase. Fala-se de Sociedade da Informação como novo cenário de atuação do homem. Contudo é importante perceber como e o quanto essa evolução tecnológica provoca de mudanças no comportamento e na cultura.
 
Tecnologia
O mundo atual e toda tecnologia inúmeras vezes nos trazem visões otimistas que emolduram os avanços e colocam o homem como beneficiário da longevidade, interação, sinergia e diversidade. O preço não é baixo. Desmatamento, aquecimento, falta de alimentos continuam assombrando. Agora temos disponibilização irrestrita de informação e ferramentas associadas criando possibilidades antes impensáveis, como, mapear um novo espaço de conhecimento não por topografia e sim por topologia. Uma nova cultura e paradigma surgem no planeta e nos remete a pensar e lidar com informação de uma forma que tem a ver com construção e com organização da realidade (Pellanda, 2000). Tecnologia é definida como ferramentas e máquinas que nos ajudam a resolver problemas, técnicas, conhecimentos, processos usados para construção, aplicação de recursos para o desenvolvimento. Às vezes entra em conflito com a sociedade e ecologia. Suas relações com a cultura são constantes preocupações. Várias definições foram criadas para demonstrar a cronologia dos avanços da tecnologia. Observa-se que a cronologia da existência do homem e das sociedades possui marcos, quase sempre relacionados com as revoluções tecnológicas. Grandes viradas na forma de vida e pensamento são relacionados às invenções e ferramentas, o que reforça o conceito de que a evolução se baseia na progressão delas. Isto é absorvido pela cultura e adaptada para a melhoria da vida do homem. E cultura aqui é definida como o aspecto da vida social que se relaciona com o saber, arte, folclore, costumes, bem como à sua perpetuação por gerações. Focando então, nestas mudanças identificamos invenções tecnológicas que promoveram uma ruptura na estruturação baseada na produção de bens e energia para a de consumo da informação:
- A difusão do vapor (fim do séc. XVIII)
- Os motores a combustão e elétrico (final séc. XIX)
- A energia atômica e da eletrônica
- A passagem das tecnologias do capital e energia para as de informação


A descoberta do uso do vapor trouxe mudança comportamental para a sociedade e criou as bases da industrialização. Como exemplo, expansão do território americano para oeste. A eletricidade e os motores à combustão mudaram o cenário da produção industrial e conseqüentemente o cenário social e cultural. Cinema, telefonia, aviação são desta fase. A Eletrônica e a energia alternativa afetaram muito mais o comportamento. A energia nuclear dividiu o mundo em blocos e a eletrônica propiciou a aproximação das culturas pela telecomunicação. O telégrafo data 1845 e em menos de 20 anos já interligava a Europa e os EUA. A primeira transmissão radiofônica é de 1908. Em 1925 são criadas normas para controle da proliferação de emissoras. A televisão data 1926. Em 1951 temos TV à cores. A União Soviética lançou um satélite em 1957. Em 1960 os EUA lançam o primeiro satélite de comunicação. O computador pessoal é de 1981. Em 2008, 1 bilhão deles estavam ligados em rede. Atualmente a tecnologia digital promove mudanças sem igual na história do homem. A convergência das tecnologias da comunicação (telecomunicação) e os computadores criaram um ambiente propício para o nascimento de um novo ramo, a tecnologia da informação.
 
Tecnologia da Informação
Transmissões analógicas e digitais, integrações de redes, processamento distribuídos, rede mundial, todos estes desenvolvimentos associados às melhorias de processamento e armazenamento fomentam a utilização da informação em larga escala. É indiscutível o aumento da tecnologia da informação nas organizações, e esta é uma força poderosa para mudar o modo como fazemos nosso trabalho. A tecnologia tornou-se não apenas uma ferramenta para administrar a informação, mas também um setor vigoroso em si mesmo  (Davenport, 1997). A convergência tecnológica passa a figurar como característica de todos os serviços envolvidos com informação e a digitalização fornece a infra-estrutura para prover tais serviços. Neste cenário, a tecnologia da informação se define pelo conjunto das tecnologias da utilização simultânea e integrada da informática e da telecomunicação (telemática). Essas adaptações se expandem a toda sociedade e coloca culturas regionais em contatos. Tais mudanças carregam novos conceitos, como transversalidade, interação e autoria, que necessitam ser apropriados e adaptados ao modo de vida anterior à nova tecnologia. E isto afeta a cultura.

proximo post: A Tecnologia centrada no Homem
Existe mesmo uma tendência de centralização no homem e na sociedade afetando os caminhos do desenvolvimento tecnológico?  
 

sábado, 27 de agosto de 2011

Tecnologia, seios, coxas e comportamento

Não que eu não queira abordar o assunto sob a ótica da excessiva disponibilidade na internet, do mercado que se move por este motor, pelo acesso, consumo e prática cada vez mais precoce pelos jovens, pela enormidade de tipos, classes, gostos à disposição em esquinas e mais esquinas, pela exposição desmensurada e muito mais. Mas gostaria de abordar a pornografia por uma outra ótica. 
A cada segundo cerca de 40 mil pessoas acessam conteúdo pornográfico na internet. 
O volume de upload de vídeos e fotos diário é assustador. É uma indústria gigantesca, de proporção mundial que movimenta, segundo a Strategy Analytics,  bilhões de dólares por ano. O catecismos de Zéfiro realmente ficaram na pré-história. Mas a culpa de tantos peitos expostos não é da internet. A televisão, cinema, VHS, linhas 0900, CDROMs tem mais relação com a pornografia que podemos imaginar. 
O escritor canadense Patchen Barss diz em seu livro The Erotic Engine (*) lançado em 2010 que há uma relutância em se dizer, mas muitas das tecnologias inovadoras que hoje estão em nossas casas tiveram seus pilotos testados pelo mercado da pornografia. O mundo das diversões adultas é um verdadeiro e lucrativo campo de testes para novas tecnologias de informação e comunicação.


Vejam alguns exemplos. 
Nos anos 70 o lançamento de dois sistemas de videocassete (VHS da JVC e o Betamax da Sony) dividiam o mercado. A tecnologia da Sony tinha muito mais qualidade, mas eles tinham uma regra de não permitir a gravação de conteúdo erótico. Os estúdios pornôs aderiram ao VHS para distribuir seus filmes. Em pouco tempo a Sony descontinuou o Betamax. 
Nos anos 80, o Disque Sexo, com venda por minuto de conversas picantes se desdobraria na década seguinte em tecnologias de consumo por demanda (pay per view). As primeiras imagens que surgiram na Usenet nos anos 80 eram pornográficas com acesso restrito a quem não pagasse. Daí surgiram os sistemas de assinaturas online. 
Nos anos 90, antes do Youtube, centenas de sites pornôs já hospedavam seus vídeos, mas que exigiam muita performance para exibição. A tecnologia de transmissão de videos por streaming (**) resolveria este problema e alavancaria um mercado enorme de webcams disponibilizando shows com strippers. 
Alguns especialistas preveem um futuro cada vez mais digital para este mercado. Empresas já produzem vídeos 3D, pesquisam as possibilidades de uso da realidade virtual e roupas com acessórios sensoriais conectadas. 
Contudo, grandes e pequenas produtoras em todo mundo continuam oferecendo DVDs e discos de Blueray com seus filmes. Não se trata de um único campo de ensaios tecnológicos, obviamente. Os videogames representam o grande campo incentivador de evolução tecnológica digital. Mas a pornografia tende a ser mais influente quando a tecnologia tem papel de comunicação. 
E é um mercado que age e sabe como ninguém capturar seu consumidor cada vez com mais novidades. Barss cita que é por só por causa de nossa instintiva necessidade de ter sexo, mas também de comunicar o sexo. Mas uma coisa é certa: o mundo da tecnologia de comunicação e entretenimento não admite, mas possuem uma grande dívida com o mundo da pornografia.

(*) The Erotic Engine – How pornography has powered mass communication, from Gutenberg to Google ( Motor Erótico – Como a pornografia potencializou a comunicação de massa, de Gutemberg ao Google)
(**) Streaming permite que se veja vídeos de boa qualidade pela web, sem que seja necessário o armazenamento de nenhum dado no computador de quem assiste, sendo reproduzindo automaticamente na tela.

Fontes:
Johnson, Peter – Pornography drives technology: why not to censor the intenet. New York Law School.
Barss, Patchen - The Erotic Engine – How pornography has powered mass communication, from Gutenberg to Google
Revista Galileu, fevereiro 2011 – Editora Globo

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tecnologias invisí­veis


Este livre comentário é sobre o capí­tulo oito do livro de Neil Postman - Tecnopólio - que foi umas das minhas mais interessantes leituras.


Segundo Postman, o idioma é pura ideologia pois é um conjunto de suposições que temos consciência e que dirigem nossos esforços para dar forma e consistência ao mundo, dividindo-o em sujeitos e objetos, indicando como os eventos devem ser vistos e nos instruindo quanto ao tempo, espaço, números. O interessante dessa forma de ver o idioma é sua abrangência, pois suas variações funcionam sob os mesmos princípios e levam a pensar que todos vêem o mundo da mesma maneira independente de qual lí­ngua se fale. Por isso acredita-se que é coisa que vem de dentro do homem e que é expressão direta de como é o mundo. O que acontece com as máquinas, televisão e computador por exemplo, é que parecem extensões de nossos poderes, por estarem "fora", terem sido criadas por nós podendo até serem descartadas. O idioma nos é natural e o certo é que não nos preocupamos de que forma ele age, sendo praticamente invisível para nós. Então tecnologias invisíveis existem, complexas ou não, mas controlando algo ou servindo uma ou outra ideologia.

Outra tecnologia invisível, conforme identificou Postman, é o uso do algarismo zero e seu conceito de nulidade e vazio. O zero não foi usado pelos romanos nem pelos gregos, vieram da Índia no século X, mas sem eles seria muito difícil realizar qualquer dos cálculos. Pode ser considerado uma tecnologia por possibilitar e tornar fáceis certos tipos de pensamentos e se não acreditarmos que seja uma ideologia, certamente é uma idéia. É possí­vel então entender como sí­mbolos podem ser considerados máquinas para possibilitar novas disposições mentais. 
O uso do zero levou ao desenvolvimento de tecnologias complexas como a estatística e o processo binário dos computadores. A estatí­stica é em si, outra poderosa tecnologia invisível. Tornando visíveis e manipuláveis padrões até então ocultos. Novas visões de mundo em função de probabilidades e incertezas foram criadas. Todas as áreas de atuação do homem são hábeis para a atuação da estatística. Porém, seu uso indiscriminado é digno de cautela e a tentativa de transformar tudo e qualquer manifestação humana ou da natureza em estatí­stica é questionável. 
Os teste de QI nos mostram um dos perigos de se abusar da estatí­stica. A quantificação da inteligência baseada em dados e comparações estatí­sticas mostram alguns aspectos discutí­veis, como por exemplo a necessidade da concretização de conceitos abstratos como a inteligência, transformando-a em uma coisa, seguido de uma inevitável classificação onde a necessidade de uma simplificaão transforma agora a inteligência em uma coisa única localizada no cérebro. 
O reducionismo é perigoso, mas isto serve bem a essa nova era de tecnopólio e mesmo que correntes científicas se posicionem contra e questionem, o tecnopólio resiste a essas censuras por não ter um sistema de ética. Ele busca então, novamente na objetividade estatí­stica, o seu conforto.
A pesquisa de opinião, embasadas em estatística é outra tecnologia invisível. Impossível pensar em um mundo capitalista onde a pesquisa de opiniã não existisse. O mercado, a indústria, a igreja, o Estado precisam dela. O único problema continua sendo o reducionismo. Nem tudo pode ser respondido como sim ou não. A maneira como a pergunta é formulada torna ambí­gua a resposta. É necessário acreditar que a opinião está pronta dentro da pessoa bastando uma pergunta certa para extraí­-la. Se a pessoa tem conhecimento ou não sobre o assunto que é objeto da pesquisa é irrelevante. Logo os resultados são questionáveis mas certamente serão utilizados para orientar alguma tendência, independente se desviam responsabilidades, reforçam conceitos errados ou não. É a opinião pública!
Algumas tecnologias existem e ficam em "repouso". 
Elas servem à outras tecnologias e as vezes nem parecem ser tecnologias, mas servem para orientar uma aceitação e mudar as formas de como vemos o mundo. Os cursos acadêmicos fazem isto pois são uma tecnologia de aprendizado. No mundo dos negócios a tecnologia da administração faz uso máximo de conhecimento relevante, da organização hierárquica das capacidades humanas e do fluxo de informações. 
As tecnologias cumprem seu papel de maneira coerente e por se tratarem de tecnologia não são más ou boas. O uso que damos a elas é que precisam constantemente de observação, análise e contextualização. Essa nova era de tecnopólio faz uso do que mais lhe serve e esta sua caracterí­stica justifica a necessidade de controle pelo homem, das aplicações de todas estas tecnologias.


POSTMAN, Neil - TECNOPÓLIO: A rendição da cultura à tecnologia, tradução de Reinaldo Guarany - São Paulo: Nobel, 1994.

domingo, 8 de novembro de 2009

Pesquisas otimizadas

Survey

É uma metodologia de pesquisa que permite a obtenção de dados ou informações sobre características, ações e opiniões de um determinado grupo de pessoas, sem respostas prontas, contudo com dados orientados que expressam a realidade do objeto estudado, formulando perguntas a fim de receber informação sobre atitudes, motivos e opiniões.
Como principais características do método de pesquisa survey podemos citar o a produção de descrições quantitativas de uma população fazendo o uso de um instrumento predefinido. Survey é apropriada como método de pesquisa quando:

- se deseja responder questões do tipo “o quê?”, “por que?”, “como?” e “quanto?”, ou seja, quando o foco de interesse é sobre “o que está acontecendo” ou “como e por que isso está acontecendo”;
- não se tem interesse ou não é possível controlar as variáveis dependentes e independentes;
- o ambiente natural é a melhor situação para estudar o fenômeno de interesse;
- o objeto de interesse ocorre no presente ou no passado recente.

Pinsonneault & Kraemer (1993) classificam a pesquisa survey quanto ao seu próposito em:
Explanatória:
Tem como objetivo testar uma teoria e as relações causais; estabelece a existência de relações causais, mas também questiona por que a relação existe;
Exploratória:
O objetivo é familiarizar-se com o tópico ou identificar os conceitos iniciais sobre um tópico, dar ênfase na determinação de quais conceitos devem ser medidos e como devem ser medidos, buscar descobrir novas possibilidades e dimensões da população de interesse;
Descritiva:
Busca identificar quais situações, eventos, atitudes ou opiniões estão manifestos em uma população; descreve a distribuição de algum fenômeno na população ou entre os subgrupos da população ou, ainda, faz uma comparação entre essas distribuições. Neste tipo de survey a hipótese não é causal, mas tem o propósito de verificar se a percepção dos fatos está ou não de acordo com a realidade.

A unidade de análise pode ser um indivíduo, nesse caso coincidindo com o respondente, mas também um grupo, um setor da organização ou a própria organização, entre outras. Quanto aos processos de amostragem divide-se em amostra probabilística onde o fato de todos os elementos da população terem a mesma chance de ser escolhidos, resulta-se em uma amostra representativa da população e a amostra não probabilística que é obtida a partir de algum tipo de critério, e nem todos os elementos da população têm a mesma chance de ser selecionados, o que torna os resultados não generalizáveis.

Uma boa leitura sobre survey pode ser encontrada em "O método de pesquisa survey" (Revista de Administração da USP) de Freitas, Oliveira, Saccol e Moscarola (2000)

Alguns sites oferecem ferramentas de survey (algumas pagas, outras gratuitas), mas gosto mesmo é de utilizar os Formulários compartilháveis dos Spreedsheets do Google Docs. Abaixo alguns links.
- http://www.zoomerang.com/
- http://www.spectorcne.com/
- http://www.surveymonkey.com/
- http://www.questionpro.com/
- http://www.surveysystem.com/

Não deixe de ver Surveymonkey
Texto de Leolivera com ajuda da Wikipedia e da Polipesquisas Metsurvey.

E estas novas nuvens nos céus da web? Do que se tratam?

Word Cloud - Tag Cloud
Nuvens de palavras ou tags são formas de apresentar os itens de conteúdo de um texto ou website de forma gráfica hierarquizada visualmente. O grau de relevância das palavras ou tags são representadas proporcionalmente pelo tamanho da fonte. Maior incidência, fonte maior.
Dessa forma, em uma mesma interface é possível localizar uma determinada palavra/tag pela frequência da incidência de conteúdos marcados com a mesma palavra/tag no referido site.
As palavras/tags disponibilizadas na nuvem podem ser links que levam a coleções de itens relacionados às palavras da tag.


Tags
Tags são rótulos, legendas representando uma categoria simples.
Seu uso foi difundido por sites de "Social Bokmarking" como o Technorati, del.icio.us e Flickr
É ferramenta importante dentro do conceito de Web2.0 (ver post abaixo) ao permitir a categorização totalmente livre e pessoal de classificação, contudo podendo relacionar com outras tags geradas formando um rede de definições semânticas compartilhada.
O aproveitamento inteligente das novas possibilidades de classificação em interfaces inovadoras significou uma forma gráfica interessante de representar conceitos, uma melhor sinalização para navegação no mar de conteúdo da rede e principalmente um reforço de "information design" de extrema importância.

 

A wordcloud deste blog gerada no dia da postagem